A história da educação em Pinhais foi dividida por períodos bastante distintos: a época da Casa de Instrução, Casa Escolar, Grupos Escolares e Ginásios.
Nos deteremos nestes períodos.
Como já vimos, a população de Pinhais iniciou-se antes da instalação da Indústria Cerâmica de Pinhais. Por volta de 1902, B Satyro Torres, dono de uma grande serraria e uma chácara muito bem estruturada, empregava muitos funcionários. Contando, também, com moradores, proprietários de terras, sem vínculos com a serraria, como o caso da família Cunha. Isto os levou a sentir necessidade por um local apropriado para o ensino. Uma sala em uma das casas de ferroviários foi cedida para tal intuito: foi chamada de Casa de Instrução, porém, mais tarde, por precisarem dela, o ensino passou a ter o endereço; a casa da família Cunha Luz, que ofereceu uma sala para que as aulas não fossem interrompidas.
Em 1920 Guilherme Weiss já havia adquirido a propriedade da família Torres (que havia adquirido da família Cunha) e nova leva de funcionários, agora com maior fluxo e casas foram construídas para acomodá-los, também, uma escola seria construída para as crianças, já em número maior.
Em 1923 foi construída uma casa de alvenaria, com janelas altas para o lado da ruela e trilhos que seguiam para as margens do rio (hoje Avenida Iraí), uma varanda do comprimento da casa, para o lado oposto; a varanda ficava de frente a uma fileira de cedros altos. Duas salas e as escadas ficavam nas pontas da varanda. Esta varanda era de piso de tijolos. Contava Silvia Porcides Miranda que era uma casa bonita e com frescor.
Uma sala era para que as aulas fossem administradas e, na outra, um altar foi improvisado; era o local da Eucaristia.
Ao contrário do que se pensa, os alunos vinham de todas as partes.
Crianças filhas de funcionários, crianças vindas do Perneta, Capoeira Grande, apesar da distância, vinham crianças de chacareiros distantes.
Muitos bairros de Pinhais, na época, ainda não existiam. Eram terras ainda não loteadas; fato que veio acontecer no final de 50 e início de 60
Endereço da antiga Casa Escolar, para que o local seja identificado nos dias de hoje:
explicaremos de maneira simples.
Descendo a Avenida Camilo Di Lellis, ao atravessar os trilhos do trem, a curva segue à esquerda; estamos, então, na Avenida Iraí. Passando a primeira transversal, temos a segunda quadra da avenida; Eis o lugar. Era um capinzal com grandes cedros, lado direito de quem segue rumo ao Rio Iraí; local escolhido para a construção da, agora, Casa Escolar.
A casa teve dupla funcionalidade, servindo para os fiéis católicos, também, mas, após a construção da Igreja Nossa Senhora da Boa Esperança (Igreja Matriz), os alunos passaram a fazer uso das duas salas.
Pela manhã, as professoras vinham de trem, chamado de expresso, chegava na estação de Pinhais às 7:30 hs
e voltavam com o trem que passava às 11:00 hs, o misto.
A parte da tarde ficava para as professoras que moravam em Pinhais, por não precisarem de condução.
Algumas professoras da época:
Albertina Hajos
Cantídia
Carlota
Cidália Tramujas
Clementina Cruz
Zulmira Mulhenhoff
Vamos falar um pouco do ensino em si:Muitas crianças passaram por esta escola. Mais de três décadas acolhendo os alunos de vários lugarejos.
A população de Pinhais procurava alfabetizar seus filhos, já naquela época. O ensino básico fazia parte da cultura da região; mandavam seus filhos para a escola e, caso necessário, repetiam mais uma vez o último ano, para firmar os conhecimentos em matemática, português e história. Desta escola saíram muitos homens e mulheres que, mais tarde, foram funcionários da RVPSC, professores, policiais, funcionários de lojas e indústrias em Curitiba, comerciantes etc. Era incomum um jovem estudado, pois poucas escolas ofereciam o curso ginasial, isto pelo próprio regime educacional da época, porém, tanto incomum, era um jovem analfabeto. Pessoas simples que liam e escreviam com destreza. Faziam questão que seus filhos recebessem instrução.
Antigos alunos, hoje idosos, contam com satisfação sobre as professoras. Contam dos poemas lidos e versos, ainda recitados com habilidade. Pessoas que passaram por tantas reformas ortográficas que sua maneira de escrever já não é aceita, como "elle, Pinhaes, logares, redemptor, fructo, peccado, himno, officiaes, etc." Apesar de não terem acompanhado as reformas na sua totalidade, aprenderam um pouco do novo, sem deixar o prazer de ler jornais, revistas e almanaques, adequando-se às mudanças.
Em 1943 com a reforma ortográfica da língua portuguesa, ocorreu um choque, muitas vezes, dentro da mesma família. Uns aprenderam a escrever "caza" quando outros, após 1943, casa. O irmão mais velho aprendeu a escrever "afecto", quando os mais novos, afeto. E assim, outras mudanças.
Interessante que, por não estarem a par da reforma, não entendiam as diferenças no ensino. Pai ensinando filho e filho rejeitando a ajuda, considerendo o pai, incapaz de ajudá-lo.
Se, hoje, as professoras e professores sentem dificuldade em alfabetizar, naquela época faziam verdadeiros milagres; e, grande parte delas, não possuíam o curso Normal Colegial - hoje, magistério -. Professoras leigas em formação, porém, com a categoria de verdadeiras mestras, porém, todas eram taxativas em afirmar que o aprendizado dependia da educação e esta deveria vir de casa. Concordamos, pois, para educar é preciso que haja algum tipo de hierarquia; todo aquele que aprende, deseja saber que quem o ensina está qualificado para isso, porém, sem autoridade não se aplicam regras e limites e, sem regras, sem limites, não há educação, fato como acorrido no final do século XX.
As professoras obtinham excelentes resultados, por vários motivos. As famílias - pais e mães -, passavam aos filhos o respeito que aprenderam com seus pais e assim, crianças viam a professora como uma autoridade em sala de aula. Se em sua casa tinha um chefe, ali também. Sabiam que seus pais outorgavam poderes. Respeito era palavra de ordem. Os pais se desagradavam ao saberem que seus filhos haviam cometido atos ruins por falta de educação. Pois, se a educação era dada por eles, a falha também seria deles. Se envergonhavam.
O b+a ba era formidável a tal ponto que uma criança, ao sair da 1ª série, lia correntemente, e as tabuadas com as quatro operações eram examinadas com rigor, ao término do 3º ano. Era a base e precisava ser sólida.
Mas, com os anos, apareceram rachaduras nas paredes da escola e a Companhia Portland de Cimento, por não ter entrado em total funcionamento, cedeu um barracão para que as aulas continuassem.
final de 50.
Loteamento feito na região chamada Vila Varginha atraiu muitos. Novas famílias se instalaram. Também, entre a linha do trem e a Avenida Iraí, local onde funcionava o posto de saúde Cruz de Malta, chamado informalmente de Pinhaizinho, outro loteamento à esquerda da Estrada do Encanamento (Rod. Dep. João Leopoldo Jacomel, Vila Esplanada) estes lotes foram comprados por antigos moradores, mas também por novos que vieram de outras regiões, aumentando a necessidade de escolas; nos anos 60 outros loteamentos foram abertos
Logo a nova escola estava construída.
Duas salas de madeiras e entre elas, uma pequena secretaria. Na parte de trás, uma pequena cozinha, para servir de cantina e, mais ao fundo do terreno, um mictório. Era um banheiro com duas portas, meninos e meninas, com uma pequena varanda na frente. A escola funcionava com duas turmas pela manhã e duas turmas à tarde, mas houve, por um período, a necessidade de três horários. A demanda era grande e as outras escolas ainda não haviam sido construídas. Portanto, funcionava da seguinte maneira:
Das 8:00 às 11:00 - das 11:00 às 14:00 - das 14:00 às 17:00
No final desta década estavam sendo instaladas as escolas aos arredores (detalharemos cada uma delas)
Nos deteremos nestes períodos.
Como já vimos, a população de Pinhais iniciou-se antes da instalação da Indústria Cerâmica de Pinhais. Por volta de 1902, B Satyro Torres, dono de uma grande serraria e uma chácara muito bem estruturada, empregava muitos funcionários. Contando, também, com moradores, proprietários de terras, sem vínculos com a serraria, como o caso da família Cunha. Isto os levou a sentir necessidade por um local apropriado para o ensino. Uma sala em uma das casas de ferroviários foi cedida para tal intuito: foi chamada de Casa de Instrução, porém, mais tarde, por precisarem dela, o ensino passou a ter o endereço; a casa da família Cunha Luz, que ofereceu uma sala para que as aulas não fossem interrompidas.
Em 1920 Guilherme Weiss já havia adquirido a propriedade da família Torres (que havia adquirido da família Cunha) e nova leva de funcionários, agora com maior fluxo e casas foram construídas para acomodá-los, também, uma escola seria construída para as crianças, já em número maior.
Em 1923 foi construída uma casa de alvenaria, com janelas altas para o lado da ruela e trilhos que seguiam para as margens do rio (hoje Avenida Iraí), uma varanda do comprimento da casa, para o lado oposto; a varanda ficava de frente a uma fileira de cedros altos. Duas salas e as escadas ficavam nas pontas da varanda. Esta varanda era de piso de tijolos. Contava Silvia Porcides Miranda que era uma casa bonita e com frescor.
Uma sala era para que as aulas fossem administradas e, na outra, um altar foi improvisado; era o local da Eucaristia.
Ao contrário do que se pensa, os alunos vinham de todas as partes.
Crianças filhas de funcionários, crianças vindas do Perneta, Capoeira Grande, apesar da distância, vinham crianças de chacareiros distantes.
Muitos bairros de Pinhais, na época, ainda não existiam. Eram terras ainda não loteadas; fato que veio acontecer no final de 50 e início de 60
Endereço da antiga Casa Escolar, para que o local seja identificado nos dias de hoje:
explicaremos de maneira simples.
Descendo a Avenida Camilo Di Lellis, ao atravessar os trilhos do trem, a curva segue à esquerda; estamos, então, na Avenida Iraí. Passando a primeira transversal, temos a segunda quadra da avenida; Eis o lugar. Era um capinzal com grandes cedros, lado direito de quem segue rumo ao Rio Iraí; local escolhido para a construção da, agora, Casa Escolar.
A casa teve dupla funcionalidade, servindo para os fiéis católicos, também, mas, após a construção da Igreja Nossa Senhora da Boa Esperança (Igreja Matriz), os alunos passaram a fazer uso das duas salas.
Pela manhã, as professoras vinham de trem, chamado de expresso, chegava na estação de Pinhais às 7:30 hs
e voltavam com o trem que passava às 11:00 hs, o misto.
A parte da tarde ficava para as professoras que moravam em Pinhais, por não precisarem de condução.
Algumas professoras da época:
Albertina Hajos
Cantídia
Carlota
Cidália Tramujas
Clementina Cruz
Zulmira Mulhenhoff
Vamos falar um pouco do ensino em si:Muitas crianças passaram por esta escola. Mais de três décadas acolhendo os alunos de vários lugarejos.
A população de Pinhais procurava alfabetizar seus filhos, já naquela época. O ensino básico fazia parte da cultura da região; mandavam seus filhos para a escola e, caso necessário, repetiam mais uma vez o último ano, para firmar os conhecimentos em matemática, português e história. Desta escola saíram muitos homens e mulheres que, mais tarde, foram funcionários da RVPSC, professores, policiais, funcionários de lojas e indústrias em Curitiba, comerciantes etc. Era incomum um jovem estudado, pois poucas escolas ofereciam o curso ginasial, isto pelo próprio regime educacional da época, porém, tanto incomum, era um jovem analfabeto. Pessoas simples que liam e escreviam com destreza. Faziam questão que seus filhos recebessem instrução.
Antigos alunos, hoje idosos, contam com satisfação sobre as professoras. Contam dos poemas lidos e versos, ainda recitados com habilidade. Pessoas que passaram por tantas reformas ortográficas que sua maneira de escrever já não é aceita, como "elle, Pinhaes, logares, redemptor, fructo, peccado, himno, officiaes, etc." Apesar de não terem acompanhado as reformas na sua totalidade, aprenderam um pouco do novo, sem deixar o prazer de ler jornais, revistas e almanaques, adequando-se às mudanças.
Em 1943 com a reforma ortográfica da língua portuguesa, ocorreu um choque, muitas vezes, dentro da mesma família. Uns aprenderam a escrever "caza" quando outros, após 1943, casa. O irmão mais velho aprendeu a escrever "afecto", quando os mais novos, afeto. E assim, outras mudanças.
Interessante que, por não estarem a par da reforma, não entendiam as diferenças no ensino. Pai ensinando filho e filho rejeitando a ajuda, considerendo o pai, incapaz de ajudá-lo.
Se, hoje, as professoras e professores sentem dificuldade em alfabetizar, naquela época faziam verdadeiros milagres; e, grande parte delas, não possuíam o curso Normal Colegial - hoje, magistério -. Professoras leigas em formação, porém, com a categoria de verdadeiras mestras, porém, todas eram taxativas em afirmar que o aprendizado dependia da educação e esta deveria vir de casa. Concordamos, pois, para educar é preciso que haja algum tipo de hierarquia; todo aquele que aprende, deseja saber que quem o ensina está qualificado para isso, porém, sem autoridade não se aplicam regras e limites e, sem regras, sem limites, não há educação, fato como acorrido no final do século XX.
As professoras obtinham excelentes resultados, por vários motivos. As famílias - pais e mães -, passavam aos filhos o respeito que aprenderam com seus pais e assim, crianças viam a professora como uma autoridade em sala de aula. Se em sua casa tinha um chefe, ali também. Sabiam que seus pais outorgavam poderes. Respeito era palavra de ordem. Os pais se desagradavam ao saberem que seus filhos haviam cometido atos ruins por falta de educação. Pois, se a educação era dada por eles, a falha também seria deles. Se envergonhavam.
O b+a ba era formidável a tal ponto que uma criança, ao sair da 1ª série, lia correntemente, e as tabuadas com as quatro operações eram examinadas com rigor, ao término do 3º ano. Era a base e precisava ser sólida.
Mas, com os anos, apareceram rachaduras nas paredes da escola e a Companhia Portland de Cimento, por não ter entrado em total funcionamento, cedeu um barracão para que as aulas continuassem.
final de 50.
Loteamento feito na região chamada Vila Varginha atraiu muitos. Novas famílias se instalaram. Também, entre a linha do trem e a Avenida Iraí, local onde funcionava o posto de saúde Cruz de Malta, chamado informalmente de Pinhaizinho, outro loteamento à esquerda da Estrada do Encanamento (Rod. Dep. João Leopoldo Jacomel, Vila Esplanada) estes lotes foram comprados por antigos moradores, mas também por novos que vieram de outras regiões, aumentando a necessidade de escolas; nos anos 60 outros loteamentos foram abertos
Logo a nova escola estava construída.
Duas salas de madeiras e entre elas, uma pequena secretaria. Na parte de trás, uma pequena cozinha, para servir de cantina e, mais ao fundo do terreno, um mictório. Era um banheiro com duas portas, meninos e meninas, com uma pequena varanda na frente. A escola funcionava com duas turmas pela manhã e duas turmas à tarde, mas houve, por um período, a necessidade de três horários. A demanda era grande e as outras escolas ainda não haviam sido construídas. Portanto, funcionava da seguinte maneira:
Das 8:00 às 11:00 - das 11:00 às 14:00 - das 14:00 às 17:00
No final desta década estavam sendo instaladas as escolas aos arredores (detalharemos cada uma delas)
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